segunda-feira, 7 de maio de 2012

Com juros em queda, bancos podem usar recursos próprios para a casa própria


RIO - “Se a taxa de juros cair a 7,5%, 7%, poderemos viver uma situação inédita no Brasil, que é a de colocar recursos de tesouraria no financiamento habitacional”, afirmou o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, nesta sexta-feira. Isso significa que, com uma possível queda na taxa Selic, os bancos podem resolver utilizar recursos próprios, e não apenas os da caderneta de poupança, para investir no setor habitacional.
O diretor da Domus Companhia Hipotecária, Rodolpho Vasconcellos, explica que a expectativa é que a poupança continue crescendo de 3% a 4% ao ano, enquanto o financiamento imobiliário deverá expandir-se a média de 20% ao ano. Assim, diz ele, as instituições tendem a buscar outras formas de captar recursos para responder à demanda.
— Com os juros básicos da economia em queda, aumenta o interesse do banco em investir em crédito imobiliário, pois a rentabilidade fica mais atrativa que a das aplicações financeiras. Assim, os bancos poderiam aplicar recursos em habitação espontaneamente. Mas, na minha visão, se a Selic cair ainda mais, certamente, os juros do financiamento terão de cair também.
Para Maurício Visconti, diretor da consultoria de investimentos imobiliários REIT, o problema do crédito habitacional no Brasil não é falta de caixa e sim o casamento entre passivo e ativo. Isso significa que, para fazer um empréstimo de 360 meses, o banco precisa ter uma fonte de recursos que dure, também, 360 meses. Assim, não é a queda dos juros isoladamente que fará os bancos tirarem dinheiro da carteira própria para emprestar, diz ele:
A caderneta de poupança supre essa necessidade porque ela serve como funding de longo prazo. Mas, se hipoteticamente a taxa de juros disparasse e todo mundo sacasse o dinheiro da caderneta de poupança pra colocar em outra aplicação? Para se ter mais dinheiro para habitação, será necessário incentivar, com regulamentação, as fontes de longo prazo, como os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), independentemente da taxa de juros. Existe muito pouco dinheiro de tesouraria emprestado para o crédito imobiliário justamente porque é um emprestimo de longo prazo.
Segundo Visconti, o mercado de securitização ainda é incipiente, mas aos poucos está crescendo. Atualmente, além da poupança, o mercado habitacional já utiliza funding complementar, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que já somam R$ 50 bilhões, e Certificados de Crédito Imobiliário (CRIs), com R$ 28 bilhões.
Pessoas ligadas ao mercado também não acreditam que as mudanças nos rendimentos da poupança, anunciadas ontem pelo Governo Federal, possam afetar significativamente o volume de recursos para o crédito imobiliário. Segundo eles, não há porque temer uma debandada da poupança. E mesmo que isso aconteça, os efeitos não seriam sentidos em menos de dois ou três anos. Para Nelma Tavares, superintendente da Caixa Econômica Federal no Rio, banco que mais usa recursos da poupança para financiamentos imobiliários, as mudanças não causarão problemas.

- Não vejo a menor possibilidade dessas mudanças interferirem nos recursos disponíveis - disse, durante o Feirão Caixa da Casa Própria.
Na cerimônia de abertura do 8º Feirão Caixa da Casa Própria, no Riocentro, Hereda afirmou que a expectativa da Caixa é de alcançar até R$ 18 bilhões em negócios durante o evento, valor cerca de 20% superior ao do ano passado. No primeiro dia de funcionamento da feira, o evento recebeu, até as 18h, 15.441 pessoas, e, movimentou cerca de R$ 322,7 milhões, totalizando 2.146 negócios fechados e encaminhados.
O grande atrativo desta edição do feirão é a oferta de crédito a juros reduzidos. Para o financiamento de imóveis com valor até R$ 500 mil (no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação), os juros passam de 10% ao ano para 9% ao ano. Se o interessado se tornar cliente do banco, com conta salário, a taxa cai para 7,9% ao ano.
No caso de um financiamento de R$ 200 mil, por 20 anos, a taxa anterior, de 10% mais TR, representaria uma prestação inicial de R$ 2.518,32, valor que cai para R$ 2.194,74, ou seja, menos R$ 323,58, a juro de 7,9%. Ou ainda, menos R$ 38.988 em 20 anos.
— Muitos diziam que não havia margem para mexer nas taxas, mas provamos que se procurar, sempre existe um jeito — afirmou Hereda, que negou que a mudança tenha sido feita por exigência do Planalto. Segundo ele, a presidente Dilma fez "um alerta" a todos os bancos sobre as altas taxas de juros, e a decisão foi tomada por razões estratégicas.
O feirão será realizado até domingo no Rio de Janeiro e também em Salvador, Recife, Belo Horizonte e Brasília. Até 10 de junho, outras seis capitais, além das cidades de Campinas (SP) e Uberlândia (MG) terão edições da feira.
Segundo a CEF, serão oferecidos mais de 430 mil imóveis, entre novos, usados e na planta. No Rio de Janeiro, serão mais de 46 mil imóveis, sendo 29.087 na planta e 4.172 novos prontos, além de quase 13 mil usados.


Abs

3 comentários:

Me disse...

Me deprimo ainda esse ano.

Anônimo disse...

Srs,

Lendo uma matéria do infomoney, me deparei com um dado curioso.

O presidente do SECOVI-SP, prevê uma alta nos preços de imóveis da ordem de 4,5% em 2012.

Mesmo se considerarmos variações, é um percentual muito baixo e inclusive bem abaixo da inflação.

Será que a informação procede ?
Será que compensa investir em imóveis mesmo com essa previsão ?

http://www.infomoney.com.br/imoveis/noticia/2426978-precos+dos+imoveis+deverao+subir+longo+2012+afirma+presidente+secovi

Andre disse...

Aposto que ele usou a mesma análise de sempre pra chegar a este percentual:

Calculo Heurístico Utilizando Técnicas Empíricas (C.H.U.T.E.)

Imóvel não é bom investimento já não é de hoje (e agora ainda tá dificil achar algo que seja, com os juros reais na vala).

Já tinha mostrado como é mau investimento há quase 1 ano:
http://housingmarketbr.blogspot.com.br/2011/06/imovel-como-investimento-ainda-vale.html

Agora tem que refazer os calculos pra nova realidade...

Abs